quinta-feira, 20 de setembro de 2007

O Caminho da Consciência - Parte I

Texto de Aldomon Ferreira.

"...Como dissemos, de nada adiantará a prática sem os conhecimentos. Conhecer e agir segundo as Leis da Vida é, resumidamente, o caminho em si."

Pense sobre o modo como você vê a vida, sobre as suas ações, veja se as leis superiores se encaixam no seu dia a dia atual.

Entenda, principalmente, que tudo o que acontece na vida tem um objetivo sábio e amoroso. São inúteis os sentimentos de remorso, culpa, autopiedade e revolta. Não há “coincidências” e nem tudo “está escrito”. Todo e qualquer fato acontece de acordo com as interações entre as naturezas das diversas pessoas e de suas ações e reações daí decorrentes, ou seja, cada ação nossa influencia uma ou mais vidas, direta ou indiretamente. Reflita também sobre cada um dos fragmentos de sabedoria expostos a seguir:

O Carma: O carma não é um “bicho de sete cabeças” ou a mão pesada de Deus sobre os pecadores; ele traz lições de vida para que possamos crescer, evoluir. Os bons e “maus” momentos gerados pela ação cármica permitem-nos reflexões sobre os direcionamentos de nossas vidas, possibilitando que vivamos com mais harmonia com as leis superiores. Inúmeras são as oportunidades que a vida nos oferece para aprender sobre o caminho; porém, como a evolução é inevitável, o aprendizado virá ou pela compreensão, fruto da observação e da consciência, ou pela dor, consequência de nossa desatenção. Medite sobre cada etapa de sua vida, cada fato marcante, bom ou “ruim”, e tente retirar deles as lições de vida necessárias ao seu crescimento. Diante do desconhecido, tememos que as mudanças trazidas por nosso inevitável crescimento tirem de nós o pouco de estabilidade que conseguimos com muito esforço – as nossas “verdades”. Entretanto, quando finalmente resolvemos crescer e nos entregamos a uma nova etapa de vida que esteja de acordo com as virtudes, mesmo sem saber o que nos espera, percebemos que esta seria realmente a coisa certa a ser feita.

O Amor: O amor verdadeiro não prevê condições ou regras. Expandir o amor a todos os seres viventes – não apenas a meia dúzia de pessoas – é perceber que somos todos um só. No relacionamento, querer ver pessoa que se ama feliz – pura e simplesmente pelo amor – implica em nunca desejá-la somente para si, como um objeto de posse. Inclusive, a posse é mais prejudicial para quem a tem do que para quem a sofre, pois não passa de uma prisão no medo de perder a qualquer momento a “posse”; ela é um apego, nada mais.

O Perdão: Perdoar é uma maravilhosa libertação da prisão imposta por si próprio. Ao julgar um ato e repreendê-lo, nós nos ligamos emocionalmente tanto ao fato quanto à pessoa que o pratica. A cada lembrança, traz-se de volta a emoção ruim decorrente do acontecido. Devemos usar a lei da sabedoria para nos libertar de todos os desnecessários laços emocionais. Devemos nos lembrar de que cada pessoa está fazendo exatamente aquilo que está ao alcance dela naquele estado evolutivo, ou seja, o que a natureza dela consegue fazer. Culpar uma pessoa por um erro seria como culpar uma criança por molhar as fraudas – ela ainda não entende isto como “errado” e não adiantaria tentar explicar.

O Apego: Nós nos apegamos àquilo que possuímos porque temos medo de perder; nos apegamos àquilo que desejamos ter porque há o medo de que não o consigamos. Desapegar-se é libertar-se do medo. Nós viemos à vida nús e não vamos levar nada material ou emocional conosco. Tudo nesta vida é apenas um empréstimo. Se alguém tem medo de perder algo é porque não se julga merecedor de tê-lo.

As Emoções: Pelo medo do vazio interior ou de enfrentarmos nossas próprias vidas, tentamos fugir da realidade pela procura da satisfação de nossos desejos através das emoções. Entretanto, as emoções são efêmeras: surgem, arrebatam-nos rapidamente e desaparecem no ar, deixando-nos novamente o vazio. Buscar preencher a vida com boas emoções não é o caminho. Para tornar a vida plena, feliz, é preciso cultivar os sentimentos, que são duradouros, verdadeiros e conseqüentes.

Os Desejos: Todo desejo produz apego. Para livrar-se de um desejo, não adiantará acalentá-lo com “só mais uma vez e eu paro”. Criamos fortes arquétipos que levam-nos a buscar a saciedade de cada desejo, portanto o melhor caminho para extingui-lo é evitá-lo até que não mais nos incomode. Para algumas pessoas, basta a conscientização para parar, seja imediatamente ou aos poucos; mas para a maioria, não.

O Vício: O vício funciona como o desejo. É inútil tentar deixar um vício reduzindo as doses sem que haja a intenção sincera ou disciplina. A consciência de que parar é fundamental deve ser o primeiro passo para gerar a intenção; o seguinte é fazer de tudo para abster-se; é criar a disciplina e seguí-la, mesmo que aplicada apenas a momentos predeterminados, em uma fase inicial do auto-tratamento. Em casos de forte dependência química, uma clínica pode ser a única solução.

A Mentira: A mentira não é apenas falar inverdades, mas viver inverdades. Coisas que ferem a nossa natureza, mesmo quando ditas “estáveis”, como um (aparentemente) excelente trabalho ou um (aparentemente) estável casamento de anos e anos, podem ser as grandes mentiras de nossas vidas. Não maltrate a si mesmo nem se martirize pelos compromissos assumidos; descubra o melhor caminho, condizente com as Leis da Vida, e siga por ele, seja este qual for. Todos nós temos uma “bússola interna” – a intuição – que pode nos guiar por entre os caminhos de nossas vidas. Se não há contato com a sua, refine a sua natureza que a intuição voltará à ativa.

A Ignorância: A ignorância é a mãe da inércia; ela impede o ser humano de enxergar e usufruir a prosperidade.

A Expectativa: Toda e qualquer expectativa gera frustração, porque esperamos sempre receber mais do que vem a suceder-se. Se você nada espera, não haverá a ansiedade e tudo o que vier será mais do que você previa.

Energias Prejudiciais: Qualquer contato com coisas tamásicas e rajásicas, como notícias de catástrofes e crimes cruéis, maledicências, mentiras, apegos, emoções fortes e outras, é prejudicial ao crescimento. Quando não há como não compartilhar da carniça, apenas evite envolver-se.

Boas Energias: Todo o contato com experiências que reflitam as Leis da Vida é bom e deve ser cultivado, seja este contato advindo de experiências suas ou de outros.

O Caminho: Não confunda “viver a experiência humana ao máximo” com “buscar e saciar os prazeres”. Viver a experiência humana ao máximo é trilhar o caminho tendo como guias as Leis da Vida. Isto permite inigualáveis experiências, de comparação impossível com os simples prazeres. O mero fato de transcendermos alguns aspectos de Maya já nos permite gozar de dádivas de êxtase inigualável – plenamente alcançáveis com persistência e paciência. Seja qual for o caminho que você escolher, tenha em mente que, embora não haja como parar a evolução, a oportunidade de trilhar um caminho mais rápido e de forma mais indolor somente nos é oferecida em algumas poucas encarnações. Aceitar esta preciosa oportunidade dependerá somente de você.

A Bagagem: Todo o conhecimento evolutivo segue com a sua essência para as próximas vidas. A dedicação de um ser para transcender Maya é recompensada em frutos saboreados por quantas forem as manifestações seguintes, até que este ser ascenda ao estágio do Eu Sou, quando será pleno.

Que a Paz esteja com vocês agora e Sempre!

Um comentário:

Anônimo disse...

Posso dizer com toda certeza, que esse texto serve para mim como uma cartilha a ser estudada todos os dias. Cada ítem abordado, reflete á começar por mim, a realidade da maior parte de nós. Já estudamos e lemos muita coisa, mas estamos engatinhando no longo caminho que existe pela frente. Quero deixar bem claro que, tudo que estou dizendo aqui, é primeiramente sobre eu mesmo. Cristo veio a mais de 2000 anos e ainda não conseguimos aplicar de uma forma mais concreta seus ensinamentos. Tenho certeza de que se usarmos a determinação para mudar como ensinado na parte sobre os vícios, conseguiremos um dia alcançar a casa do Pai.